Elaboração e Gestão de Projetos Culturais

Planejamento Estratégico para Cultura: uma experiência de observação para o PEC de Torres Vedras

Hoje a semana amanheceu digna do sol que a reluz. Para quem me acompanha nesta caminhada da produção de ideias no mundo criativo, sabe que há muito venho falando sobre planejamento estratégico para o setor cultural.

Sim, é importante planejar, traçar estratégias, determinar metas… E isso, não é só para as grandes instituições ou projetos megalomânicos. Vale para você, que produz a feira do bairro, o sarau da escola, uma live, um curso online. Enfim, planejar é para todo!

E é sobre isso, que hoje quero compartilhar com vocês uma felicidade profissional e que pode servir de inspiração para suas próximas atuações culturais.

Em Junho deste ano (2020) integrei a equipe de investigação do Observatório Living Cities – Cátedra Unesco em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade, sob a coordenação de Luísa Arroz Albuquerque, PhD em sociologia da cultura e professora associada da Escola Superior de Artes e Design (Esad) do Instituto Politécnico de Leira (Portugal).

No âmbito deste Observatório, foi desenvolvido o Planejamento Estratégico da Cultura do Município de Torres Vedras, em Portugal, do qual honrosamente participei da etapa de identificação e análise das instituições culturais sob a administração do município.

Ao todo foram 11 entidades culturais visitadas e a análise passou por uma descrição das infra-estruturas das instituições para aferir o seu grau de diversidade e capacidade de atingimento, acessibilidade e inclusão dos diversos públicos em suas ações, a partir de nove critérios principais: 1. Acessibilidade a pessoas portadoras de deficiências diversas; 2. Disponibilização de conteúdos em mais de uma língua, 3. Comunicação e Divulgação com diversos públicos, 4. Presença no meio digital; 5. Conteúdos digitais; 6. Avaliação Qualitativa da Experiência global; 7. Programação e Calendarização; 8. Desenvolvimento Sustentável; e 9. Reativação de atividades pós quarentena COVID-19.

Observar de perto, entender o funcionamento e a lógica social e cultural de cada instituição visitada, e perceber como é possível pensar a cultura de forma sustentável, foi talvez, a experiência mais rica em minha temporada por Portugal. Lá estive por dois anos cursando o Mestrado em Gestão Cultural na Esad/IPL.

De acordo com a equipe de coordenação, o Plano Estratégico de Cultura de Torres Vedras constrói-se a partir das dimensões temáticas propostas pela UNESCO para a Cultura na Agenda 2030.

“Cada núcleo temático é composto por um conjunto de indicadores mensuráveis tanto ao nível nacional, regional como local. Os indicadores considerados  têm por objetivo medir e acompanhar os progressos da contribuição da cultura para a implementação nacional e local dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, avaliando-se tanto o papel da cultura como sector de atividade, como a sua contribuição transversal para os diferentes ODS e respetivos domínios políticos. Podendo ser implementados numa base voluntária por países e cidades, assentam num quadro conceptual sólido que permite a análise aprofundada das múltiplas formas como a cultura contribui para as dimensões económica, social e ambiental do desenvolvimento, construindo a evidência do papel transformador da cultura, tornando-a, assim, mais visível e tangível.”, explica a Vereadora da Cultura de Torres Vedras, Ana Umbelino.

Aqui, nos importa olhar para este documento e para esta experiência, como boas práticas na estruturação de políticas públicas para o setor cultural, observando os pontos de entrave e as possíveis soluções.

O documento está disponível no link http://www.cm-tvedras.pt/cultura/plano-estrategico-de-cultura/ com acesso público.

 

Carol Peres

gestora cultural

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