Elaboração e Gestão de Projetos Culturais

A força da economia criativa no Brasil

No mês de junho, começou uma iniciativa pioneira no Distrito Federal: o Ideia Prática Lab, um laboratório de co-criação voltado para mulheres. Esse projeto pretende ensinar às mulheres da capital a compreensão e elaboração de projetos para a Lei de Incentivo à Cultura (LIC), para fortalecer a Economia Criativa do Distrito Federal.

Para aprofundar os ensinamentos do laboratório, preparamos este artigo, buscando proporcionar uma compreensão abrangente sobre a Economia Criativa e destacar a sua importância para o desenvolvimento econômico e social. Aproveite a leitura e adquira um conhecimento mais amplo sobre esse tema fascinante.

O que é economia criativa

 

A Economia Criativa no Brasil é caracterizada como um processo dinâmico de desenvolvimento cultural, que valoriza e promove a diversidade das expressões culturais nacionais, proporcionando originalidade, e um grande potencial de crescimento.

No país, a definição oficial de Economia Criativa engloba os setores criativos nos quais as atividades produtivas são impulsionadas, principalmente, por um ato criativo que gera valor simbólico, sendo esse elemento central na formação do preço e resultando na produção de riqueza tanto cultural, quanto econômica.

“Destravar o potencial da Economia Criativa envolve promover a criatividade das sociedades em geral, reafirmar a identidade distintiva dos lugares onde ela floresce e se agrupa, melhorar a qualidade de vida onde ela existe, realçar a imagem local e prestigiar e fortalecer os recursos para vislumbrar novos futuros diferentes.”  – Relatório sobre Economia Criativa das Nações Unidas I 2013

 

 A Economia Criativa Brasileira

Apesar da escassez de dados abrangentes e confiáveis sobre a Economia Criativa no Brasil, o país apresenta vantagens e oportunidades significativas. Essas vantagens incluem uma população extensa, diversa e jovem, um histórico de produção de formas culturais, estilos e narrativas diversificados e globalmente relevantes, além de possuir uma marca cultural forte que desperta interesse e simpatia em todo o mundo. 

Essa é a conclusão do relatório intitulado “A Economia Criativa Brasileira – Análise da Situação e Avaliação do Programa de Empreendedorismo Social e Criativo Financiado pelo Newton Fund”, encomendado pelo Conselho Britânico em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

O relatório fornece uma visão geral para compreender essa Economia no Brasil, suas diversas oportunidades e seus principais desafios

Segundo o estudo, a Economia Criativa no Brasil enfrenta desafios significativos, como diversas barreiras sociais e estruturais que limitam o acesso de pessoas altamente talentosas à participação no setor criativo. Além disso, a falta de uma política coordenada e de um compromisso de investimento tanto em nível federal, quanto estadual, resulta em uma abordagem fragmentada para o desenvolvimento do setor. 

Isso se reflete na definição e compreensão inconsistentes da Economia Criativa, bem como na ausência de metodologias sólidas para apoiar empreendedores criativos. A análise ressalta a necessidade de superar esses desafios a fim de impulsionar o crescimento e o potencial da Economia Criativa brasileira.

O Crescimento Contínuo no Brasil

De 2012 a 2014, o Governo Federal da época, trazia um plano para a economia criativa. Essa foi a primeira vez que a narrativa da Economia Criativa no Brasil foi oficialmente declarada a nível federal. 

No Plano, a Secretária afirmou a importância de políticas públicas relacionadas à cultura e à criatividade, na construção de uma agenda de desenvolvimento ampla e transversal. A diversidade cultural brasileira foi posicionada como prioridade crucial nesta transformação:

“Conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos micros e pequenos empreendedores criativos brasileiros. O objetivo é fazer da cultura um eixo estratégico nas políticas de desenvolvimento do Estado brasileiro” – Plano da economia criativa. 

Apesar dos desafios impostos pela pandemia de Covid-19, o setor da Economia Criativa no Brasil experimenta um crescimento significativo e deve atrair ainda mais investimentos em 2023. No mundo atual, onde a diversidade cultural é valorizada e novas tecnologias impulsionam a economia, a Economia Criativa encontra um terreno fértil para se expandir.

Esse setor abrange tanto o público quanto o privado, incorporando ciência, tecnologia e promovendo o desenvolvimento social inclusivo. Além disso, é um importante gerador de inovação econômica e social, com potencial para criar empregos, empresas, produtos e serviços com alto valor agregado, baseados na criatividade e no talento dos profissionais.

Um estudo recente realizado pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), intitulado Mapeamento da Indústria Criativa 2022, analisou o cenário e as tendências desse setor em cinco estados brasileiros (Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul) entre 2017 e 2020, um período marcado por incertezas profundas. Surpreendentemente, mesmo diante da crise gerada pela pandemia, a participação do PIB Criativo no total do PIB brasileiro aumentou de 2,61% em 2017 para 2,91% em 2020.

Força da Economia Criativa

Em 2020, a Economia Criativa movimentou cerca de R$ 217 bilhões no Brasil, empregando mais de 935 mil profissionais formalmente em áreas como comunicação, cultura, arquitetura, moda, design, tecnologia, audiovisual, mídias interativas e videogames, entre outras. Esse crescimento no chamado PIB Criativo é comparável à produção total do setor da construção civil e supera a produção anual do setor extrativista mineral do país.

Diante desse panorama, a expectativa é de que o setor receba ainda mais investimentos em 2023. O estado de São Paulo, por exemplo, tem planos de dar continuidade ao programa CreativeSP/Programa de Internacionalização da Economia Criativa, visando gerar negócios, atrair investimentos estrangeiros, promover o intercâmbio entre empresas locais e divulgar a capital paulista internacionalmente.

Além disso, São Paulo sediará a Cúpula 2023 do World Cities Culture Forum, evento que trará debates sobre a Economia Criativa, mecanismos de gestão pública, acesso à cultura, tendências setoriais e discussões internacionais. Esse evento, o primeiro da WCCF na América Latina, proporcionará oportunidades para a troca de experiências entre líderes e especialistas culturais, abordando o papel da cultura na construção de cidades sustentáveis no futuro.

Com o reconhecimento crescente da importância da Economia Criativa como um negócio que faz parte do PIB, é fundamental que a arte, a cultura, o cinema, a música e as artes visuais sejam valorizadas não apenas como entretenimento, mas também do ponto de vista econômico. Com a possibilidade do retorno do Ministério da Cultura e a implementação de políticas públicas direcionadas ao setor, juntamente com os resultados positivos alcançados nos últimos anos, o cenário se mostra extremamente favorável para os profissionais dessa área.

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