Elaboração e Gestão de Projetos Culturais

Causos de Ariano

Falar de cultura e não falar de Ariano Suassuna é uma verdadeira dicotomia. Pensador popular e defensor do Nordeste, Ariano escreveu a cultura brasileira em dramas, romances e poesias.
 
Sua obra roteirizou grandes sucessos da TV, do Teatro e do Cinema, entre eles O Auto da Compadecida (1955), sua obra prima adaptada para o cinema pelo Diretor Guel Arraes em 2000, O Santo e a Porca (1957), levada aos palcos pelo grupo Fulano Di Tal em 2014, e A Pedra do Reino (1977), que virou microssérie para a TV em 2007.
 
Nesta semana do Dia Nacional da Cultura (5/11), deixo aqui um trecho da aula magna de Ariano no Theatro Municipal de Paulínia em 2009, organizado pelo Diretório Central dos Estudantes Celso Furtado da Facamp, e a Biografia resumida do autor, que foi um dos principais nomes da cultura no Brasil.
 
RAÍZES POPULARES DA CULTURA BRASILEIRA
 
Biografia
 
Ariano Vilar Suassuna nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927. Filho de João Suassuna, ex-governador da Paraíba, e Rita de Cássia Villar, passa os primeiros anos no sertão do Estado, na fazenda Acauham, de propriedade de sua família.
 
Em 1930, durante a Revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, seu pai é assassinado por motivos políticos. Após a tragédia, sua família muda-se para Taperoá, no interior do estado, onde reside entre 1933 e 1937. É lá que o menino Ariano inicia seus estudos e tem seu primeiro contato com a cultura regional quando assiste uma apresentação de mamulengos e um desafio de viola.
 
Em 1942, sua família muda-se novamente, agora para Recife, período em que os primeiros textos de Ariano são publicados nos jornais da cidade, quando ainda era estudante do Ginásio Pernambuco. Quatro anos depois, inicia a Faculdade de Direito, ligando-se ao grupo de jovens escritores e artistas comandado por Hermilo Borba Filho. Com ele, funda o Teatro do Estudante Pernambucano.
 
Em 1947, escreve sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol, e com ela ganha o prêmio Nicolau Carlos Magno. No ano seguinte, escreve Cantam as Harpas de Sião.
Em 1950, conclui o curso de Direito, dedicando-se, simultaneamente, à advocacia e o teatro. Em 1955, escreve sua obra-prima, a peça O Auto da Compadecida, que narra as aventuras e desventuras da simpática dupla de anti-heróis João Grilo e Chicó.
 
A partir de 1956, inicia sua carreira no magistério, ministrando aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 1969, é nomeado Diretor do Departamento de Extensão Cultural da universidade, permanecendo no cargo até 1974.
Em 1970, cria e, posteriormente, dirige o Movimento Armorial, com a intenção de valorizar os aspectos da cultura nordestina, tais como a dança, a música, o teatro e a literatura de cordel, entre outros. O evento de lançamento é o concerto Três Séculos de Música Nordestina: do Barroco ao Armorial, realizado na Igreja de São Pedro dos Clérigos e acompanhado de uma exposição de esculturas, gravuras e pinturas.
 
No ano seguinte, passa a investir seus esforços na prosa romanesca, com a trilogia que inclui os títulos Romance d’a Pedra do Reino; Príncipe do Sangue que Vai-e-Volta Romance Armorial – Popular Brasileiro; e História d’o Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana. À semelhança do restante de suas obras, as tramas reúnem influências da cultura brasileira nordestina e da cultura medieval europeia.
Apesar das incursões nos domínios da prosa e poesia, fica consagrado principalmente pela obra teatral, marcada por fortes traços de humor, o que lhe rende inúmeros convites para realizar aulas-espetáculos em todo país.
 
Em 1994, se aposenta pela UFPE e, posteriormente, torna-se Secretário de Cultura do estado de Pernambuco no governo do recém-falecido Eduardo Campos (PSB), neto do ex-governador Miguel Arraes.
 
Em 23 de julho de 2014, falece em Recife devido as complicações de um AVC hemorrágico, passando à posteridade como um dos maiores autores da história do teatro brasileiro. Ariano ocupou a cadeira n° 32 da Academia Brasileira de Letras.
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